Duas testemunhas ouvidas por VEJA dizem que assistiram a um vídeo em que
Rogério Rosso recebe propina
Por Laryssa BorgesMarcela Mattos / Veja
O ex-presidente da
Comissão Especial do Impeachment de Dilma Rousseff, deputado Rogério Rosso
(PSD-DF) - 11/04/2016 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Candidato
favorito na corrida para suceder o peemedebista Eduardo Cunha na presidência da
Câmara, o deputado federal Rogério Rosso (PSD-DF) aparece recebendo propina em
vídeo gravado pelo ex-secretário do governo do Distrito Federal Durval Barbosa.
A acusação foi feita por duas testemunhas ouvidas por VEJA: o deputado federal
Alberto Fraga (DEM-DF) e o ex-gerente da Codeplan (Companhia de Desenvolvimento
do Distrito Federal) Luiz Paulo Costa Sampaio.
Durval
Barbosa é delator do escândalo do mensalão do DEM no DF, esquema de cobrança de
propina de empresas que prestavam serviços ao governo do DF e responsável
direto por abreviar o mandato do então governador José Roberto Arruda (ex-DEM).
Às vésperas da eleição para o mandato-tampão na Câmara, Alberto Fraga e Luiz
Paulo Sampaio aparecem como testemunhas do escândalo que pode minar as
pretensões de Rosso. Os dois engrossam a lista das pessoas que dizem ter
assistido ao vídeo em que Rogério Rosso aparece recebendo dinheiro. O primeiro
de todos eles foi o técnico em informática Francinei Arruda Bezerra, que
confirmou o episódio à justiça.
“Assisti
[ao vídeo], mas faz tempo. O próprio Durval me mostrou. Tem vídeo dele [Rogério
Rosso] e tem vídeo da mulher [esposa de Rosso, Karina Rosso]. Ele aparecia
pegando dinheiro”, disse Fraga a VEJA. O deputado foi depositário das imagens
por quase um semestre e as guardou em um lugar seguro. O motivo: Durval Barbosa
tinha medo de morrer e não queria que as provas desaparecessem. O vídeo nunca
veio a público.
“O vídeo
não vai aparecer, mas o Durval tem. Não vai aparecer porque o Durval não tem
interesse em botar isso para fora agora. Eu fiquei como depositário desses
vídeos durante quase dois meses. Durval tinha medo de morrer”, afirma.
Luiz
Paulo Costa Sampaio, que trabalhou com Francinei e com Durval Barbosa, também
compromete o candidato à presidência da Câmara. Diz que ele próprio viu quatro
vídeos do Rosso. Em um deles, descreve que o deputado estava de camisa clara,
e, sozinho, recebeu “dois ou três” maços recheados de notas de 100 reais e
guardou a propina em uma sacola de papel, como as de lojas de shopping. O
ex-funcionário da Codeplan tentou fechar um acordo de delação premiada, mas não
conseguiu.
A VEJA, o
ex-servidor detalhou que, antes de repassar a propina, Durval exibiu os maços
para que a Câmara pudesse captar as imagens. O dinheiro foi recolhido, segundo
ele, de empresas de engenharia na parceria público-privada (PPP) que atuaria na
construção do Centro Administrativo do Distrito Federal, uma obra que, segundo
a controladoria-geral do DF, estava eivada de irregularidades.
O
promotor Clayton Germano, que atua nas investigações da Operação Caixa de
Pandora, contesta a existência do vídeo contra Rogério Rosso. “Falar de vídeo
novo é politicagem, coisa de submundo”, diz. Segundo ele, Francinei não tem
“credibilidade” e que apresenta versões conflitantes sobre a existência ou não
de vídeos inéditos de políticos embolsando propina. “Não vamos dar corda para
uma versão fantasiosa [de vídeo de Rosso]. A verdade não pode vir a conta
gotas. Nas circunstâncias em que ele apresenta as informações, às vésperas da
eleição na Câmara, parece politicalha”, afirmou.
Procurado,
o deputado Rogério Rosso não foi encontrado.
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